Um hobby chamado caligrafia (pequeno guia do que é e como praticar)

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Há muito tempo buscava um novo hobby que fosse possível ser praticado em qualquer lugar, sem gastar dinheiro e sem estar em qualquer dispositivo eletrônico. Em paralelo, as ideias para o casamento não paravam. Então, surgiu a ideia: que tal fazer caligrafia e, quem sabe, escrever nos meus convites :D?

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Apesar de estar cada vez mais popular, não é sempre que tem cursos por aqui. Por sorte, me indicaram a Bianca Benedicto, que morava aqui em Fortaleza (ela foi fazer mestrado em Portugal – buáaaa pra gente!) e tinha um curso marcado na Opa! Escola de Design antes de se mudar. Me inscrevi e me apaixonei!

Para começar, ao contrário do que muitos pensam, cursos de caligrafia nada tem a ver com aquele velho caderninho de pauta azul da época da alfabetização. Nem é para deixar a nossa letra mais bonita. Eu vejo, na verdade, como uma forma de arte, assim como o desenho e a pintura. Afinal, não deixa de ser um desenho de letras, né?

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O curso durou um dia inteiro. E, não, não é pouco! A Bianca nos mostrou um pouco de teoria, com os estilos e os feras do lettering (letras decorativas). São realmente inspiradores! Em seguida, a prática. O próprio nome do curso já indicava: Gambiarra Caligráfica. Isso quer dizer que fizemos a nossa própria pena, a caneta da caligrafia. É essa aqui de baixo, à esquerda.

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A pena, ela explicou, é feita com um pedacinho de lâmina de gráfica dobrado. A dobrinha serve para armazenar o nanquim. Essa é apenas uma ferramenta improvisada, o mercado é cheio de penas de todas as espessuras, que permitem os mais variados movimentos e efeitos. Depois, pautamos os nossos próprios papéis.

Aí vamos para a explicação da titia Laris, que não sabe quase nenhum termo técnico:

Para cada linha que queremos escrever, são necessários três “campos” (tipo os do caderninho de caligrafia, mesmo!), feitos a partir da largura da pena. Se ela possui 1cm, por exemplo, o campo ascendente deve ter 3cm de altura. É ele quem abriga os “pedaços” das letras que ascendem, como as maiúsculas e minúsculas como o “b”, o “t”, o “l” etc; o principal, que deve ter um espaço de 5cm; e o descendente, também de 3cm, mas ficando abaixo do principal, abrigando os “pedaços” do “p”, do “q”e do “g”. Isso tudo pra dizer que a maioria das fontes segue a proporção de 3x5x3 (sendo a mínima de 3x4x3), como é o caso da Foundational Hand, que aprendemos durante o curso por ser a mais simples.

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Papéis pautados, mãos à obra. O primeiro ponto é segurar a pena no ângulo correto. No caso da Foundational Hand, ela deve ser segurada no ângulo de 30º (acho que aprendemos no de 45º por ser mais fácil). O segredo é não tirar a pena do papel enquanto o movimento não acabar e, claro, muita paciência. De novo: é um desenho! Assim, a pressa é inimiga da perfeição.

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Saí de lá louca para praticar e, para isso, a Bianca deu outras dicas de “ferramentas” de trabalho. Menos improvisadas, as penas removíveis são práticas e é possível ter várias para um único cabo. Outro ferramenta é a caneta, a mais prática de todas, já que o nanquim fica interno e você não precisa ficar molhando, como é com a pena.

pena caligrafia

Aproveitei a ida de uns amigos aos Estados Unidos (obrigada, Bife e Ariri!) e pedi para eles trazerem o kit das mais indicadas: as Parallel Pen, da Pilot. Versáteis, elas podem ser usadas para as mais variadas tipografias. Aqui em Fortaleza, a unidade custa cerca de R$ 80 e ela é vendida na Uniart, na av. Santos Dumont. São quatro canetas de espessuras diferentes: 1.5mm, 2.4mm, 3.8mm e 6mm.

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A internet também é um anjo. Nela é possível encontrar os papéis pautados com as proporções que você desejar ou personalizar o seu e apenas imprimir. A Bianca indica esse site e eu baixei os meus da Pilot aqui. Para a Foundational Hand, ele segue a proporção 3x4x3, que eu acho mais difícil, principalmente no caso de canetas menos espessas (1.5mm e 2.4mm). Se quiser imprimir deste site, indico a folha para o estilo itálico, tá? Como essa da foto. No próprio papel ele indica as tipografias que podem ser usadas naquelas proporções.

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Para quem quiser se aprofundar, a dica é o livro A Arte da Caligrafia (tem ele aqui em inglês), um guia de fontes com o passo a passo de cada letrinha. Eu tento praticar ao máximo, pois esse é o segredo da caligrafia.

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Bom, ficam aqui as minhas dicas e a minha sugestão: façam essa terapia! Não sei se consegui tirar as dúvidas de todo mundo, então é só comentar! Farei o máximo para ajudá-los! <3

Larissa Viegas

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