Se você está me acompanhando por aqui e viu que estava participando de uma oficina de sapato, sabe que nesse fim de semana foram os últimos dias de construção de um sapato para chamar de meu, feito todinho do zero por essas duas mãozinhas inquietas que eu tenho.
Estava ansiosa pelos últimos passos, que eram terminar a montagem na forma do calcanhar, colar o vira, o solado e o salto! Isso tudo tendo que ajustar a peça na lixadeira, que foi uma aventura particular. Acompanha que vou te contar agora.
Depois de costurar e ajustar alguns detalhes do calcanhar, chegou a hora da montagem da peça na forma, tal como aconteceu com o rosto (se quiser relembrar, te contei o processo aqui). Agora, nem todo calcanhar se monta igual, depende do modelo e do material. No caso do couro, tem que se fazer uma pence, que é uma prega em forma de triângulo que forma um bojo, com o objetivo de contornar partes do corpo. No meu caso, não foi preciso e segui ajustando, colocando e tirando tachinhas, martelando, colando etc.
Depois disso, que parece pouco, mas levou um dia praticamente todo, terminei o dia colando a alma do sapato, uma pecinha minúscula, mas de uma importância enorme na ergonomia de um sapato, e depois colocamos a entressola, uma espécie de palmilha para podermos lixá-la e deixar o mais uniforme possível para receber o solado e o salto.
O processo é tão cansativo e exige tanto a nossa atenção que não consegui ir no outro dia pela manhã continuar a oficina, só consegui chegar para trabalhar à tarde e ansiosa que não desse tempo de mostrar o resultado para vocês. Mas vamos lá, segui em frente e continuei a executar meu sapatinho. Agora era chegada a hora de colar o vira, o solado e o salto e lixar muito para ajustar tudo!
O vira é uma parte externa geralmente colada ou costurada para dar acabamento! E no meu modelo ela foi essencial para dar também a estrutura estética que eu queria.
Como estamos trabalhando com peças artesanais, muitas partes do sapato foram construídas por nós, algumas costuradas a mão, outras modeladas, como foi o caso do meu solado e salto, que foram criados do zero.
Então cortamos um pedaço bem grosseiro do material para ajustarmos ao formato do sapato na lixadeira! Esse sem dúvida foi o momento mais tenso da construção desse sapato, pois qualquer erro poderia rasgar o tecido, lixar o vira e colocar a perder a peça inteira, então foi preciso a ajuda e experiência da Olga, a instrutura da oficina, para ajudar nas lixadas finais!
Agora só faltaria a sola antiderrapante e pronto! Um sapatinho para chamar de meu!
O fato é que levamos 4 dias em dois finais de semana para termos o resultado final de um sapato artesanal, mas a experiência dessa construção foi sem dúvida muito maior do que entender todo o processo, para mim foi desenvolver uma atividade para além da maternidade, foi me permitir conhecer e conversar com pessoas novas que vivem num mundo diferente do que vivo e mesmo assim tão cheio de coisas em comum!
Pra mim fica a gentileza da Olga e da Sandra, que ajudou a Olga na oficina, mas ajudou muito mais a nós também. Fica a importância do reaproveitamento de materiais, do upcycling fashion e da moda slow levada a sério e a prática. Fica o empreendedorismo feminino cada dia mais lindo e presente na nossa cidade, fica o aconchego da casa dela, o cheirinho do café, os almoços veganos deliciosos, as risadas largas e a consciência de que ter e fazer um produto artesanal deve exigir de nós um carinho e uma valorização por cada processo!
Olhos marejados à parte, eis o resultado final:
Eu amei e vocês, o que acharam? Conta pra mim aqui nos comentários ou através das nossas redes sociais!
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