Muito antes da gente se casar e estar no nosso cantinho, eu e o igor sempre quisemos um bichinho. Passávamos o dia todo marcando um ao outro em postagens de pugs, nossa “raça dos sonhos”. Casamos, nos mudamos, montamos nossa casinha e… adiamos por um bom tempo a compra do doguinho. Pelo trabalho, pela responsabilidade e até mesmo pela bagunça na casa.
Já no início do ano, a ideia de adoção de um cachorrinho foi plantada. Não lembro por quem, não lembro como. Mas passamos a ver a adoção como uma melhor alternativa. Afinal, comprar cachorro de raça é caro (o pug é, em média, R$ 3 mil), assim como os cuidados (vacinas, banhos, remédios, ração…) e traz questões como comercialização, exploração etc. E, quanto mais a gente lia, mais a adoção parecia uma solução mais “a nossa cara”. E aí que eu vou tentar resumir toda a história em tópicos, ok?
Como começou
Em abril, batemos o martelo: com quase um ano de casados, era hora de adotar! Já seguia vários perfis no Instagram (cito alguns no final do post), descobri outros e pensamos: o próximo que aparecer, de preferência com algum tipo de deficiência, a gente adota. E Lupita, com seu único olhinho, apareceu no Patas Juntas, fazendo nossos corações baterem mais forte (é clichê, mas é verdade!)!
A Lupita foi resgatada na Praia do Futuro pela Júlia (que está, nesse momento, com uma “menina” linda para adoção!). Assim que foi divulgada a fotinho, entramos em contato com ela e passamos uma semana conversando. No dia 21 de abril, visitamos a pequenininha e no dia 22, a levamos para casa. Na época, ela pesava 2 quilos e pouquinho e possuía um bucho enorme – de verme! Também tinha um problema de pele, imunidade lá embaixo (tanto que o veterinário achou um milagre ela estar brincando, comendo e fazendo as necessidades). E eu só pedia pra ela sair dessa…
Gastamos uma nota com remédios, vacinas, exames e tudo que era necessário para ela ficar bem. Sentimos a responsabilidade de ter uma vidinha dependendo da gente e não medimos esforços – mesmo com as finanças bem apertadas. Mas olhar pra carinha dela todo tempo, como quem diz: “me ajudem, gosto de vocês”, era impagável. Foram quase três meses de muito cuidado, muitas vacinas e sempre a vontade de vê-la bem!
Como ela é
A Lups sempre foi muuuito agitada e, ao mesmo tempo, muito medrosa. Qualquer barulhinho, a assusta e a faz correr ou parar o que está fazendo para olhar o que aconteceu. Sentia muito medo das visitas e hoje já encara, late, cheira, mas leva um tempo para se aproximar. Faz muita festa quando a gente chega em casa (desde muito cedo já reconhece os barulhos dos carros) e já chegou fazendo 80% das necessidades no tapetinho (te amo, Júlia!) – hoje temos 100% de aproveitamento, grazadeus!
Não liga muito para cachorros pequenos mas adora fazer amizade com os maiores e gosta mais de pessoas mais velhas do que crianças. É muito amorosa, gosta de estar sempre por perto e adora passear de carro. Não é muito obediente, mas conseguimos vencê-la pelo cansaço, e é muito brincalhona. Uma criançona mesmo, sabe? Come bem, não tem frescuras de ração e é bem inteligente. Ama petiscos mas, mais ainda, fígado (que a gente cozinha só na água mesmo).
Em casa, tornou-se um furaCÃOzinho (baduntz). Tivemos que tirar tudo do alcance dela e, quando eu digo tudo, é TUDO mesmo! Já roeu o assento das cadeiras da mesa de jantar, a quina do rack, destruiu um fone de ouvido e os óculos do Igor (ele sempre foi mais descrente das habilidades físicas da cachorra, como se esticar toda para pegar algo que, aparentemente, estava fora do alcance dela), acabou com uma sandália que eu ia colocar num bazar, comeu parte de uma planta nossa e, recentemente, destruiu o braço da poltrona. Isso sem contar a corrida diária atrás dela quando consegue pegar uma peça de roupa – masculina ou feminina, moda praia ou íntima. Limpa ou suja. Com ela não tem frescura. O que lhe rendeu o apelido de trombadinha.
Adestramento
Sua empolgação e desejo eterno de brincar, demonstrados com mordidas e pulos, já nos renderam diversos arranhões. E, por isso, decidimos chamar um adestrador. Recebi várias indicações e acabei escolhendo o Jackson, o Dr. Disciplina, por conta do atendimento da sua esposa sócia, a Kátia. Jackson ganhou nossos corações logo no primeiro momento, por ser objetivo, usar técnicas de reforço positivo, não-violentas e por dar infinitas dicas para o dia a dia. Já foram dois encontros e vem mais dois pela frente.
Aí você fala: “mas, Laris, mais um gasto?!”. Existem gastos e investimentos. Vimos o adestramento como um investimento, pra Lupita e, principalmente, pra gente. Saber como se comportar em determinadas situações, torná-la mais obediente e fazê-la entender que os líderes da “matilha” somos nós! Tudo isso torna o nosso ambiente mais agradável e leve, concordam?
A responsabilidade
A adoção exige responsabilidade? Exige! Parte da sua rotina muda loucamente? Muda! Você vai ter gastos extras? Vai. Mas tudo cai por terra quando você chega em casa e é recebido com a maior alegria do mundo ou acorda com pulos e lambidas.
Ao contrário do “cachorro de raça”, estar em ambientes públicos com o seu pet adotado é uma caixinha de surpresas. Já recebi olhares tortos por estar com uma “vira-lata”, como já ouvi elogios pela atitude. Já vi gente afastado o seu bichinho com pedigree da Lupita, porque… né?! e também já ouvi de criança que ela é muito linda e única. Em muitos casos, é preciso ter sangue de barata, mas nada impossível de lidar com muito amor do coração e o botão de “foda-se” ligado!
Eu quero adotar, como faço?
Levar a adoção pro lado emocional é muito bom, mas não esqueça de se planejar para os gastos e preparar a casa para uma nova rotina. Não sou veterinária, mas penso que a saúde deles vêm em primeiro lugar. Seja cachorro ou gato, saia do abrigo ou da feira de adoção e vá direto a um veterinário de confiança. Peça todos os exames possíveis. A Lupita, por exemplo, aparentemente não tinha nada. Mas seus organismo, como falei, estava completamente debilitado.
Pesquise e pense também. É impossível prever o tamanho que um sem raça definida (SRD) vai ficar, mas os veterinários conseguem tem uma noção por conta do porte do bichinho, tamanho da pata etc. Eu sempre pensei que, como moro em apartamento pequeno, meu cachorro precisava ser pequenininho também. Mas, pensem bem: é melhor ele estar em um ambiente pequeno, mas cheio de amor, carinho e atenção, ou na rua, sofrendo maus tratos, passando fome e doente?
Fiz uma listinha com algumas ONGs que eu sigo. Se tiver outras sugestões, pode comentar no post que eu acrescento por aqui!
Abrigo São Lázaro
Adote um amor pet
Abrigo Arca de Noé
Patas Juntas
Grupo de Proteção Animal
Eu queria adotar, mas não posso. Como ajudo?
Você ama bichinhos, mas não tem grana para manter um ou sua rotina é louca? Ajude as ONGs! Por maior que elas sejam, SEMPRE estão precisando de ajuda. E tudo é bem-vindo: trabalho voluntário, ração, dinheiro, produtos de limpeza, roupas para realização de bazares, notas fiscais… Nos instagrams e páginas no Facebook sempre tem informações e pedidos de ajuda.
Um pequena declaração
A Lupita causou uma reviravolta nas nossas vidas. Se eu disser que eu nunca chorei de raiva de certas coisas que ela faz, estarei mentindo. Mas toda raiva passa quando ela fica olhando para a gente com o amor mais puro do mundo. Eu e o Igor estamos ainda mais unidos e as responsabilidades e as tarefas da casa estão ainda mais divididas. Parte (ou praticamente todo) o fim de semana é nosso, de nós três. E isso é delicioso! Agora que ela já está com todas as vacinas tomadas, estamos explorando mais a cidade e vendo o quanto é bom um simples passeio na Beira Mar, assim como a carinha dela quando conhece um canto novo. Como falei em um depoimento que eu fiz no meu instagram: eu sei que ela teve sorte em ser adotada pela gente, mas tenho absoluta certeza que a sorte maior foi a nossa!
Adotar é tudo de bom! Livre-se dos preconceitos!!!
E aí, o que mais vocês querem saber sobre pets?
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Linda a sua história!!!!
A sua frase do depoimento “eu sei que ela teve sorte em ser adotada pela gente, mas tenho absoluta certeza que a sorte maior foi a nossa!”… é a mais pura verdade!
Também adotamos uma cachorra e uma gata, e elas são, absurdamente, grandes companheiras, protetoras (no caso a Andy – cachorra), parceiras, brincalhonas (isso inclui minha gata… ) já vi pessoas abismadas por acharem que gato não brinca, mas ela chama pra brincar, sabe o horário de passear, sim, não é normal, mas é a forma que encontramos de não perdê-la para atropelamentos e envenenamentos.
É engraçado quando estou na calçada e ela tá de coleira passeando comigo. Nada paga as caras, e os carinhos, e os burburinhos… I love pet!