Quando eu era pequena assistia bastante He-man e achava engraçado como ninguém o reconhecia como príncipe Adam, assim como tava na cara que a princesa Adora era a She-ra. O desenho não era dos meus favoritos, mas eu adorava o Gato Guerreiro e como o Esqueleto sempre se dava mal. Em setembro a Netflix lançará uma nova animação de She-ra, que reinará em uma série própria intitulada “She-ra: a princesa do poder” e eu vi uma série de adultos, principalmente homens, reclamando do visual da heroína.
Como gostam de fazer, os “adultos” de 2018 reclamaram que sua infância foi destruída porque o novo visual da She-ra não parecia com a personagem dos anos 1980. Deixei, inclusive, de seguir um ilustrador de Fortaleza que tem um trabalho muito bom justamente por esse tipo de comentário. Vamos pensar juntos sobre o que mudou na personagem? Isso tudo, claro, levando em conta apenas as poucas imagens divulgadas da princesa.
Salto e vestido sem alça e muito curto. Com essa roupa She-ra deveria defender Etheria. É realmente engraçado acreditar como alguém pensou que algo assim daria certo. Claro que foi uma fórmula reproduzida na maioria das outras heroínas, como Mulher-Maravilha e as meninas dos Xmen, mas que só servem para sexualizar o corpo feminino e para fazer fantasias de carnaval e dia das bruxas iguais a roupas de sexshop.
A série de 2018 mostra as coisas diferentes, como uma princesa que não anda por aí de maiô na rua e um uniforme de heroína com short por baixo, sem decotes e uma personagem para crianças, com traços infantis e livre de grandes seios e bunda saliente.
Vocês podem pensar “porque ela falou no início que viu muitos adultos reclamando dessa mudança se isso é uma atração para crianças?” Bom, EXATAMENTE! Desenhos infantis não deveriam ter conotação sexual e nós sabemos que MUITAS coisas nos anos 1980 e 1990 faziam a torto e a direito, mas estava errado. A nostalgia pode fazer muitos adultos assistirem, mas, como a maioria dos desenhos animados, She-ra é destinada a crianças e devemos levar isso em consideração. Por que uma personagem sem traços sexuais iria destruir a infância de alguém? Só consigo pensar isso para pessoas com infâncias realmente problemáticas.
Outro ponto levantado pelos haters era que os desenhos de hoje não são como os de antigamente, em relação à qualidade, enredo e tal. Bom, aí é que TODOS se enganam e se baseiam na falta de informação para criticar. Nunca foi feito tanto conteúdo de qualidade para televisão e internet, principalmente em animação. Filmes como Frozen fizeram uma princesa escolher não se casar com um príncipe que tinha acabado de conhecer; Merida fugiu de um casamento para buscar quem ela queria ser e estamos falando só da Disney. Um dos desenhos mais famosos entre as pessoas mais velhas, hoje, é Steven Universe, e ele é destinado a crianças. Na história, Steven é fruto da relação entre um terráqueo e uma alienígena que, para poder ter um filho, precisa abrir mão da própria vida. Steven é criado por seu pai e três outras “gems” (também de outro planeta) na Terra e aprende a lidar com seus poderes para lidar com as forças do mal. O desenho tem personagens sem gênero, negros, fala de relacionamentos (de maneira sutil), tem heróis com roupas que não marcam peitos e bundas e, ainda assim, muito mais conteúdo. Um pequeno clipe pode mostrar o que falei:
Irmão do Jorel é uma animação BRASILEIRA feita por algumas das pessoas que fazem o Choque de Cultura e é a coisa sem sentido mais engraçada que você vai assistir. Crianças adoram, mas conheço adulto que fez até festa de aniversário com tema desse desenho.
Para finalizar, o que eu concluí foi que não é a nova She-va ou os novos desenhos que têm problemas e estão acabando com a infância das pessoas. O problema é a quantidade de gente que cresceu e não aceita nenhuma mudança. Não aceita que agora gay é gente, que mulher não precisa mostrar o corpo para ser importante e outras coisas mais.
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