MaxiModa 2017: Chiara Gadaleta e a moda que transforma pessoas

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Chiara Gadaleta foi a primeira palestrante do MaxiModa 2017
Chiara Gadaleta foi a primeira palestrante do MaxiModa 2017

É tão bom participar de uma conversa inspiradora e esclarecedora, né?! 💛💛💛 Pois essa foi a sensação que tive após ouvir a Chiara Gadaleta no MaxiModa 2017 na última sexta-feira (18). A ex-modelo e principal porta-voz da moda sustentável no país deixou o público encantado e emocionado ao apresentar uma moda que é plataforma de transformação social, que conecta pessoas, culturas, economias e que, consequentemente, cuida do nosso meio ambiente. 🌱🌱🌱

À frente do movimento ECOERA, Chiara viajou por todo o país na busca das verdadeiras riquezas do nosso “Brasil Profundo”, como denominou Jackson Araújo. Só para você ter uma ideia, antes de embarcar em Fortaleza, Chiara estava no norte da Amazônia, onde desenvolve o Projeto Kaapu com as índias da tribo Wai Wai. Lá, elas produzem peças com sementes de morototó e técnicas de crochê para serem vendidas do outro lado do país. A renda das peças vendidas volta para a comunidade do Wai Wai.

Chiara Gadaleta e as índias Wai Wai do projeto Kaapu
Chiara Gadaleta e as índias Wai Wai do projeto Kaapu

Já percebeu que, em um dia, Chiara pode estar crochetando com índias e, em outro, pode dar consultoria para empresas e marcas sobre moda sustentável, né?! Com 25 anos de mercado de moda, está provado que Chiara sabe o que faz e fala. “E eu só falo do que conheço”, avisou logo.

Ao analisar o momento atual, ela reforça que é hora de discutir e agir. O momento é agora. A gente precisa falar sobre sustentabilidade. As empresas estão abrindo a agenda sobre o tema, está no planejamento estratégico. Existem departamentos de sustentabilidade nas grandes empresas da indústria de moda. A hora chegou”, destacou.

E como a hora é agora, Chiara Gadaleta destacou que o primeiro passo para uma empresa de moda agir no caminho sustentável é “olhar para dentro”, para a cadeia de valor, ou seja, desde o momento que a matéria-prima foi feita, cultivada ou produzida até o momento de descarte da peça, quando não tem mais vida útil. Nunca foi tão importante rastrearmos todos as etapas de um produto.

“É uma cadeia muito extensa. Não é sempre que, no dia a dia da empresa, a gente consegue olhar essa cadeia de valor. É difícil de rastrear, mas tem de ser feito. Esse trabalho deve começar de dentro para fora”, explicou. Dentro dessa cadeia, estão os processos de pré-consumo, consumo e pós-consumo.

Chiara responde a perguntas do público ao lado de Márcia Travessoni e Jackson Araújo
Chiara respondeu perguntas do público ao lado de Márcia Travessoni e Jackson Araújo

E, para Chiara, este último processo tem merecido atenção pois nunca as empresas estiveram tão preocupadas em diminuir o impacto do pós-consumo e o descarte de resíduos.

“O impacto ambiental traz um impacto no branding. As grandes empresas de moda já estão rastreando o pós-consumo”.

Nesse contexto, a consultora apresentou exemplos daquela palavra tão usada pelos fashionistas, o “upcycling”. O termo significa transformar algo que está no fim de sua vida útil ou que vai ser descartado em algo com maior valor sem precisar passar pelo processo físico ou químico de reciclagem. O material é usado como ele é.

Entre os casos mostrados por Chiara Gadaleta, está o trabalho espetacular do inglês Christopher Raeburn que desenvolveu uma coleção inteira só com tecido de paraquedas que seriam jogados no lixo. Ele apresentou suas peças na London Fashion Week.

Peças foram desenvolvidas com tecido de paraquedas que perderam a vida útil
Peças foram desenvolvidas com tecido de paraquedas que perderam a vida útil

É impressionante! Sem contar que esse tecido é bem resistente, né?!

A Chiara também mostrou a transformação de maiôs antigos em vestidos de festa. Ideia maravilhosa da marca inglesa From Somewhere e da australiana Speedo.

“As empresas estão, cada vez mais, percebendo que design aliado ao descarte é igual a negócio”.

Vestido da coleção da From Somewhere com maiôs da Speedo
Vestido da coleção da From Somewhere com maiôs da Speedo

Para falar de iniciativas brasileiras, ela mencionou a Insecta Shoes, marca de sapatos e acessórios ecológicos e veganos. Eles fazem os cabedais dos sapatos a partir dos vestidos antigos de brechós, além de reciclar garrafas de plástico. É impossível não se encantar com um trabalho desses! “Quando uma marca já nasce sustentável é interessante economicamente. Ela não precisa se preocupar mais com ações de mitigação de impacto lá na frente”, afirmou.

Sapatos da Insecta são ecológicos e veganos
Sapatos da Insecta são ecológicos e veganos
Cabedais dos sapatos da Insecta Shoes são feitos com tecidos e estampas de vestidos antigos
Cabedais dos sapatos da Insecta Shoes são feitos com tecidos e estampas de vestidos antigos

E, para matar a gente de orgulho, Chiara citou a marca cearense Catarina Mina, como exemplo em que a moda é agente direto de transformação com o projeto “Uma Conversa Sincera” (a gente já falou sobre ele aqui). A marca, inclusive, foi uma das campeãs do Prêmio Ecoera em 2015.

catarina minaA moda consciente não é mais tendência, é responsabilidade de toda a indústria. Com tantos exemplos e iniciativas, vimos que é possível sim e que o melhor caminho é esse. Antes de deixar Fortaleza, a Chiara foi superfofa e atenciosa, deixando um recadinho para as leitoras do Penteadeira Amarela. Confere aí! 😍😍😍

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