Todos sabem que sou um adepto ao vinho! Poucas vezes me rendo ao mundo cervejeiro.
Não sei, exatamente, qual razão! Mas é um universo que não me atrai com frequência. Contudo, estou sempre aberto a novas experiências, e se forem agradáveis então…
Assim foi o /bru/ um lugar pequeno e aconchegante, que fica na Júlio de Abreu um pouco antes dela se tornar a Dom Luís, que me libertou de alguns paradigmas.
“Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós!
E que a voz da igualdade;
Seja sempre a nossa voz!”
/bru/ é como se pronuncia a palavra “brew”, verbo do inglês que serve tanto para dizer “fazer um café” (brew a coffee), como “fazer uma cerveja” (brew a beer).
E essas são as especialidades da casa!
Quem nos ciceroneou foi o Érico inicialmente (um dos Pentchyhusband e proprietário) e depois a Carol (sua sócia) completou o aconchego.
Mas não embarquei sozinho nessa, Natasha e Raquel (Pentchyteam) estavam comigo nessa viagem além da fofinha da Elis e suas tagarelices bem explicadinhas.
Iniciamos o passeio pela tábua de degustação de cervejas, onde a casa sempre tem novidades! São 4 barris de estilos diferentes engatados e sempre vão mudando. Dão sempre preferência aos produtores nacionais, mas aparecem também produtores de outros lugares do mundo. Nesta experiência tivemos 4 sensações e cada um com uma surpresa.
Iniciamos com o estilo belga com uma Saison Madalena, fabricada em Santo André, muito leve e aromática nos encantou com notas marcantes de manjericão e uma sutileza do zimbro, quem toma gim vai reconhecer de cara. Pessoalmente não foi minha preferida. Mas tanto a Natasha quanto a Raquel foram de repeteco dela. Bastante carbonatada com o perfume do manjericão me lembrou muito o sabor do jambu por conta da refrescância e da leve dormência na língua, o que achei muito interessante.
Na sequência partimos para um estilo alemão, uma Berliner Weisse da Tupiniquim uma cervejaria gaúcha que me agradou muito, acidez acentuada e aromas de frutos vermelhos intenso com marca acentuada de cereja. Embora não seja a vibe das meninas, me cativou por ser uma mistura da acidez das rieslings alemãs com os aromas dos pinot noirs franceses (não tem jeito… eu fico todo o tempo comparando ao mundo do vinho e procurando correspondências).
A terceira a surpreender foi uma IPA (India Pale Ale) da Swamp, uma cervejaria de Curitiba que já ganhou por alguns anos como a melhor IPA brasileira. Num estilo Vermont Norte Americana, apesar do amargor residual ainda presente, ela agrada pelo aroma frutado onde a lichia se sobressai. Não é um estilo que agrade no primeiro impacto, mas depois do segundo gole o amargor satura no paladar e ela se suaviza.
Para finalizar essa viagem, fomos para um RIS (Russian Imperial Stout) também da Madalena com aromas predominantes de café. Embora não o tenha em sua composição, a torra do malte é a responsável pela predominância de sabor e de aroma. Lógico que foi a preferida da nossa “Pentchycoffeeholic” Natasha.
Vale ressaltar a qualidade das cervejas nacionais, e foi o que me deixou encantado, pois o /bru/ valoriza isso. Conseguimos uma experiência única visitando alguns estilos, proporcionada por rótulos da terra, sem precisarmos buscar fora ou investir muito nisso, já que toda essa experiência sai por apenas R$ 39.
Após essa viagem, já escolhidas nossas queridinhas, iniciamos outra pelos sabores do cardápio. Muito enxuto, consegue contemplar todos os gostos.
Abrimos com o Bolovo R$20, um curioso bolinho que envolve o ovo de codorna em carne com sabores defumados, empanado e frito. Crocante por fora e macio e suculento por dentro ficou muito bom com o molho de mostarda que o acompanha. Muito fiel ao tradicional, a releitura em miniatura não tem o defeito de outros que já provei que ficam ressecados nas suas versões menores.
Depois passamos para o pastelzinho R$16 que foi coadjuvante diante do melaço de tamarindo que o acompanha! Surreal! Uma combinação perfeita para quem aprecia o agridoce, acabamos provando com o as deliciosas e crocantes torradas de bagaço de malte, feitas de pão produzido a partir do malte que sobra da produção de cervejas deles.
Os BRUguerzinhos R$20 também nos surpreenderam com uma explosão de sabor para os carnívoros como eu. O de carne com bacon (é vida) acompanha um barbecue especial da casa, e só de descrever e lembrar a boca fica cheia d’agua me impedindo até de comentar. Mas o meu queridinho foi o de linguiça com crocante de provolone! Particularmente mexeu com minhas lembranças e memórias gastronômicas, como ele acompanha o molho de mostarda essa combinação de linguiça com mostarda combinada com o provolone, juntou a Alemanha com a Itália, uma mistura sempre presente na família da minha mãe, filha de berlinense com italiana do norte.
Há no cardápio também opções para quem prefere uma linha mais vegetarianas. Eles tem o IPA homus R$12 que é uma pasta árabe de grão de bico, que a casa desenvolveu utilizando a cerveja IPA na composição como diferencial, acompanhado das deliciosas torradas de bagaço de malte. Os Quibes de Abóbora Veg R$20 também são uma ótima pedida, sequinhos e com o sabor suave tem uma proposta de sabor bem característica e marcante da abobora.
Ainda antes da sobremesa, provamos o caldinho de Feijão Gordo R$10, que aqui já era uma gota no oceano, diante de tanta comilança! Uma ótima pedida para quem chega ao /bru/ com aquela fominha depois do trabalho e quer dar aquela forradinha no estomago antes de começar a viagem pelos diversos rótulos de cerveja que a casa dispõe.
Para fechar a orgia gastronômica encaramos o bolinho de chuva completo R$16. Gosto total de infância: bolinhos crocantes, quentinhos, passados no açúcar e canela, nesse caso acompanhado de sorvete e doce de leite.
“Eita Mah!”
Sendo assim o /bru/ nos conquistou pela boca, poucas opções, mas boa variação é a marca da casa, além de muito carinho nas preparações e cuidado no sabor. Ficamos fã! Eu, pessoalmente me entreguei a experiência e acho que fui picado pelo bicho cervejeiro, e quero repetir outras vezes com outros rótulos.
Especialmente por conta das companhias e da boa conversa, do riso frouxo e do encontro que sempre vale a muito a pena. Simplesmente amei esse “pentchyhappyhour” (apesar de não estarmos todos)!
Beijos e até o nosso próximo encontro com a gastronomia temperada com algumas especiarias.
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