Uma das mais antigas estruturas do mundo, composta de um emaranhado de fibras proteicas que retêm o gás carbônico, resultante do processo metabólico de leveduras, em alvéolos submetidos ao calor intenso, desidratando e resultando num produto simples que sacia a fome e salva muitos povos da inanição por séculos: O Pão!
Tem seu Dia Mundial comemorado em 16 de outubro, e portanto resolvi escrever as colunas deste mês dedicadas a ele.
Não posso falar de pão sem citar as pessoas que o fazem com tanto respeito e carinho. E a cada semana apresentarei uma linha de pães das quais particularmente aprecio muito. Portanto abro esta série com um dos meus prediletos: A Rosmarino Pães comandada pelo meu querido Karliano Pereira, ao qual tenho a liberdade de tratar por Kaká.
Creio que o nosso primeiro contato foi lá em 2010 nos bastidores do primeiros Mesa Ao Vivo que o Senac sediou. Depois disso já fui seu professor numa pós-graduação, e sou acusado de ser o culpado por faze-lo entrar na docência. Um grande estudioso da panificação, domina a arte e desenvolve produtos surreais.
Além dos tradicionais pães de composição mais simples, os quais capricha na apresentação, Kaká brinca com o nosso paladar com combinações perfeitas como bacalhau, Romeu e Julieta, jerimum com jabá.
O que é mais interessante é que cada criação tem uma história por trás! O pão do Baixo Acaraú que nos encanta desde o Mesa ao Vivo de 2013, quando foi apresentado, foi inspirado num fato histórico. Em uma de suas leituras, Kaká captou a combinação do pão com o dendê. Conta a história que Juscelino Kubistcheck tinha uma empregada baiana que sempre brindava as refeições do ex-presidente com croutons de dendê. A partir dessa informação a cabeça do padeiro começa a fervilhar, as proporções começam a ser trabalhadas, a alquimia aconteceu e nasceu o delicioso pãozinho de massa macia perfumada de dendê recheada com camarão da melhor qualidade do vale do Acaraú cearense, numa combinação perfeita e harmoniosa.
Mas o Number One do Modolo é o Coupiac, quem estou saboreando enquanto escrevo. Que tem uma linda história inspirando a receita. Meu querido amigo sempre dizia nos encontros regados a vinho e pão (que precisamos retomar, né Vladinha, Zeh e Léo?!):
O Coupiac é um pão para se partilhar, jamais devemos comer só.
Eu só entendi depois de conhecer a história! Pós-guerra na região entre o sul da França e o norte Itália havia um comércio intenso onde os franceses produziam e forneciam pães e os italianos queijos. As casas de queijos desperdiçavam as casacas e a população faminta recolhia esse ingrediente e misturava a massa do pão para ter alguma proteína, deixar esse pão mais rico diante da fome e partilhavam com todos.
Só a foto do pão não é suficiente para as pessoas terem noção do quão hediondo é esse crime, com uma casca sequinha e quando quente com pedaços de queijos que derretem e escorrem. Premeditadamente nós embrulhamos o Coupiac em papel alumínio e deixamos alguns minutos na churrasqueira para que seja doloso duplamente qualificado.
E por falar em crime, nessa minha última visita a produção eu conheci meu mais novo amor Rosmarino, o pão de chocolate belga. Em uma palavra:
ORGASMÁTICO!!!
Massa de cacau fofinha com um recheio de chocolate belga levemente derretido. Simplesmente surreal quando aquecido e acompanhado de uma bola de sorvete!
A Casa de Pães Rosmarino fornece pães para o atacado, abastecendo renomadas casas de Fortaleza e eventos. Mas não precisa se desesperar, se você ficou com água na boca e quer conhecer as delicias assinadas pelo Chef Karliano, a casa atende pelo aplicativo Ifood.
Beijos e até o nosso próximo encontro com a gastronomia temperada com algumas especiarias.
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