Eu nunca considerei Mallu Magalhães um guilty pleasure. Fãzoca desde (que ela era) pequenininha, acompanhei aquela menina esquisita de 15 anos falando bobagem e tocando em todo lugar – da TV, dos festivais, da internet.
A primeira vez que vi Mallu ao vivo foi em Recife, no Coquetel Molotov. Com uma banda boa e hipsterzinha a tiracolo, ela, naquele tempo, usava short cáqui, pernas finas e longas de fora e oxford marrom, camisão frouxo por cima de tudo e, de vez em quando, um bonezinho e alguma tinta guache no rosto.
Naquela noite, dividiu o palco com Marcelo Camelo na estreia solo dele. Todo mundo já sabia cantar Janta, porque Los Hermanos e Recife tinham uma relação quase doentia. E escrevi a cobertura pro jornal onde trabalhava. O dueto se repetiu no show dele em Fortaleza, no Cine São Luiz.
Não tenho muito bem a lembrança da ordem cronológica dos eventos. Mas Mallu ainda tinha cara de menina quando participou do Multishow Registro do Vanguart, que foi minha trilha sonora de pé na bunda em um tempo tão distante que parece outra vida – e era.
Ainda nessa fase (que fase!), falei com ela por telefone pro caderno teen do jornal. O segundo álbum tinha saído, e o que eu mais gostava nele era a imperfeição. Sinceridade. Que nem no primeiro. Liguei pra um hotel em Florianópolis e claro que ela falou umas besteiras, mas eu não poderia esperar mais de uma adolescente. Ela estava lá gravando o clipe de Shine Yellow.
Depois, já como jornalista de moda, era fácil encontrar a agora mulher nos desfiles. Sentei atrás dela em um da Neon no SPFW. Foi bonito ver essa aproximação dela com a moda. Quando chegou Velha e Louca, todo mundo parou pra ouvir. E o clipe de Sambinha Bom é um primor, com aquele figurino incrível de Helen Rödel.
Depois desse terceiro álbum, o que me pegou mesmo foi a Banda do Mar. Gosto muito do Camelo, mas as melhores músicas da banda são dela – desculpa, sociedade. É boa ao vivo? Não, mas pra ser bom ao vivo basta ensaiar. Fazer música interessante hoje em dia é o desafio.
Ela ainda fala meio mal, tem umas ideias meio questionáveis e tenta justificar tudo com uns discursos bem tortos. Mas eu não acredito que ela faça de propósito, é muita coisa pra gente desconstruir na vida, e ela ainda é nova, aprende, pede desculpa, e isso é importante.
Então, pra terminar esse texto de fã, o vídeo que a Mallu soltou ontem, no aniversário de 10 anos do lançamento de Tchubaruba. Me emocionou a ponto de querer escrever. E, sim, estamos todos ficando velhos.
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A Mallu tem um mistério lindo. Já morri de chorar várias vezes ouvindo o Pitanga e agora me sinto crescida quando ouço o Vem. Ela erra muito, tem pouca vivência e está inserida em um “lugar” bem diferente do que deveria: dona de casa, mãe, jovem demais. Apesar disso, acho q obra da Malluzinha importantíssima pra nós mulheres e pra música do Brasil como um todo.