Os preparativos para o parto humanizado

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Na primeira consulta com a pediatra da Elisa, a médica me perguntou: por que parto normal? E eu, por alguns segundos, não soube responder.

A gravidez da Elisa foi desejada e planejada. E, quando o exame deu positivo (já contei todo o processo para engravidar e como descobri que estava grávida por aqui!), tudo fluiu muito naturalmente, a começar pela escolha da obstetra.

A dra. Rebeca Matos, antes de tudo, é uma amiga. Pensei que a proximidade, a intimidade e a confiança seriam os primeiros passos para os próximos 9 meses. E esse é o ponto 1 do meu relato pré-parto:

escolha um médico ou uma médica de sua confiança, que te passe segurança e que fale a sua língua.

Um médico ou uma médica de confiança é essencial para todo o pré-natal

Esse é o primeiro item para um pré-natal tranquilo e um parto regado de autoconfiança – mesmo que esse profissional não seja o responsável por esse momento, ele passará todas as orientações para você se sentir segura na hora H.

Já na primeira consulta, a Rebeca me ouviu e me explicou seu “modus operandi”. Foi uma consulta longa, atenciosa, muuuito pessoal. E tudo que ela me falou sobre respeito, segurança, autonomia da mulher e cuidado me transportou para alguns anos atrás, quando fiz uma matéria sobre violência obstétrica. Lembrei o quanto aquilo me marcou e o que eu precisava fazer para não ser mais uma vítima.

Aquela amiga que virou a obstetra!

Desde então, coloquei na minha cabeça que precisava ter um parto respeitoso (independentemente da via) e que, para isso precisava me informar. Mergulhei em vídeos, documentários e em relatos de partos, positivos e negativos. E, claro, muita, muuuuuita conversa com a Rebeca. Aí vem a dica dois:

pergunte! Não existem perguntas idiotas e dúvidas bobas. Existe falta de informação.

Quanto mais eu me informava, mais eu me apaixonava por esse universo do parto natural, humanizado, que respeita o nosso corpo, nossas vontades, nossa natureza. Às vezes a gente esquece que nosso corpo é… humano! Programado para gerir e colocar no mundo uma outra pessoa! E assim, sem pressão externa e seguindo minhas crenças, percebi que o parto normal, vaginal, seria a melhor escolha PARA MIM. Daí em diante, foi só “ladeira acima”.

Preparando o corpo e a cabeça

Ao mesmo tempo que aproveitava toda consulta com a Rebeca para tirar dúvidas e compreender melhor o que estava acontecendo com o meu corpo, segui com a terapia e busquei outras atividades para tornar o parto o mais confortável e previsível possível. Contratei uma doula, entrei na fisioterapia pélvica, segui na academia. Dez semanas antes da data prevista do parto, troquei a malhação pelo pilates para gestantes e, na última semana, fiz umas sessões de acupuntura. Falo um pouco sobre cada um a seguir:

Doula

Se você criar um dicionário ressignificando palavras após um parto humanizado (odeio essa expressão, porque todo parto deveria ser sinônimo de “humano”, respeitador, especial), o termo “doula” seria sinônimo de “anjo”, “amor”, “paciência” e até “vidente”.

A doula dá aquele apoio físico e emocional antes e durante o parto

Desde fevereiro estive em contato com a Isabelle Pinheiro, que complementou e reforçou as informações passadas pela dra. Rebeca, fez meu plano de parto, me conheceu muito bem e se tornou uma verdadeira amiga. Para quem não sabe, a doula é uma espécie de anjo da guarda que ajuda a mãe a se preparar para o grande momento e está ao seu lado antes mesmo da mulher entrar em trabalho de parto.

Doidices da partolândia atendida pela doula: gelo para me distrair

É uma combinação de babá, terapeuta, confidente e gênia da lâmpada, que te ajuda com exercícios, palavras de conforto e analgesia e induções naturais, atendendo aos nossos desejos mais loucos (eu, por exemplo, pedi gelo para mastigar no meio do trabalho de parto!). Em resumo, o trabalho dela é cuidar da mãe – o bebê fica por conta do restante da equipe.

Fisioterapia pélvica

Sim, é isso mesmo que você está pensando: uma fisioterapia para a região pélvica. E o que você faz? Exercícios! Eu, por exemplo, sentia muuuita dor no púbis durante as últimas semanas de gestação. Dores musculares mesmo, como aquelas que a gente sente no bumbum, nas pernas ou nos braços após praticar atividade física. Fiz com a Nayara Rebouças, uma fisio apaixonada pelo que faz e com uma paciência sem limite.

Os exercícios eram de contração e relaxamento pélvico (aquela contração que vc faz, por exemplo, para segurar o xixi quando tá muito apertada), além de fortalecimento da musculatura de toda região vaginal, com o intuito de preparar o corpo para o parto e, principalmente, para a fase de expulsão do bebê. Parece besteira, mas pense aí: vai passar um mamão enorme por um buraco que, normalmente, é do tamanho de um limãozinho!

fisioterapia pélvica: consciência corporal

A fisioterapia pélvica me ajudou a evitar incontinência urinária (muito comum entre gestantes) e o aumento de dor na região pélvica, além de aumentar minha consciência corporal e melhorar a qualidade do meu sono. O legal da fisio foi que eu consegui fazer pelo plano de saúde!

Pilates para gestantes

Pois é, o bolso me fez abrir mão da academia pra ficar exclusivamente no pilates. E eu não me arrependo nadica! Mesmo sem ter feito barrigão durante toda a gestação, sentia que alguns movimentos ficaram limitados e que dores na região lombar, por exemplo, aumentavam com o avanço da gestação.

O Pilates específico para gestantes foi também uma terapia

O pilates no Espaço Gestante La Vie, com a fisioterapeuta Alita Monteiro, foi uma forma de manter corpo e mente ativos, já que os encontros eram leves e divertidos. Os exercícios eram específicos para gestantes, reduzindo então as chances de lesão, ao mesmo tempo que me preparavam para o aumento da barriga e para a hora do parto em si. É super personalizado, já que cada gestante encontra-se em uma fase diferente, com necessidades e limitações próprias. De quebra, ainda aprendi uns exercícios que foram bem úteis!

Acupuntura para indução

A acupuntura também foi um recurso, mas pensado no intuito de promover a indução do parto (vou explicar melhor no próximo post). Quando completei 38 semanas, agendei três sessões de acupuntura com a Larissa Sales. Confesso que sou meio dividida em relação à acupuntura porque não sou muito fã de agulhas, então passei o tempo todo de olhos fechados hehehe! Porém, acredito bastante na técnica e sei que foi um diferencial para que, no dia seguinte ao terceiro encontro, eu começasse a sentir as contrações. As sessões também serviram para eu me acalmar e me concentrar melhor, já que foi uma semana beeem agitada!

um parto respeitoso, atencioso, humano

Acredito que, ao mesmo tempo que a gente não é educada para aceitar a ordem natural de todo o processo de gestação, inclusive um parto vaginal, existem pessoas que, ao poucos, vão plantando a sementinha dessa humanização, dessa naturalidade por onde passam. Eu tive a sorte de encontrar nesses nove meses profissionais que abriram meus horizontes, me ensinaram muuuito e, principalmente, me apresentaram um mundo novo. E a dica três é:

liberte-se de preconceitos! Eu mesma torcia o nariz quando ouvia o termo “parto humanizado”. E hoje estou aqui, levantando essa bandeira.

E você que já teve neném, como foi a sua preparação para o parto?

Quer ler mais sobre o assunto? Confira os posts anteriores:
Diabetes gestacional: o que é, quando descobri, como estou lidando

A abelhinha da maternidade e o medo da infertilidade

Eu, o teste de gravidez e o coletor menstrual



Larissa Viegas

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