Estreia hoje o filme “Mãe!” (Mother!), do diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro). A convite da rede Centerplex de Cinemas, assisti à cabine de imprensa no Via Sul Shopping e vou compartilhar com vocês as minhas impressões. Já aviso que esse texto pode conter spoilers.
Jennifer Lawrence é uma bela mulher, dona de casa e pedreira (risos), que faz tudo para manter seu lar e seu marido, Javier Bardem, íntegros e felizes. Bardem interpreta um escritor que passa por momentos de crise. Ele não tem ideias boas o suficiente para escrever e, de algum modo, Lawrence se sente culpada pela falta de criatividade do marido e, por isso, toma conta da casa, trocando assoalho, pintura e decoração, para que seu amado se sinta melhor e consiga trabalhar. Isso tudo começa a despencar quando visitantes indesejados dão fim à paz antes existente na casa – que, diga-se de passagem, é um lindo casarão em meio a uma clareira, distante de tudo.
A vida dos dois passa por outra mudança quando, depois de um dia cheio de sangue e a revelação da gravidez da esposa, Javier consegue, finalmente, escrever e produz um poema perfeito. A experiência de lê-lo deixa a mulher extasiada e emocionada e a obra é realmente tratada como arte. Nele, o casal protagoniza a história e após ser divulgado, Jennifer Lawrence passa a ser tratada como “a musa inspiradora”.
Me incomodou bastante o fato da personagem de Jennifer ser submissa e ficar o tempo todo cuidando da casa. A crítica, talvez, se aplique ao que estamos tentando modificar na sociedade, mas isso também pode não ter um significado oculto. Dou um aviso: nem tudo no filme fará sentido. Diferente de Cisne Negro, que mostrava cenas “loucas” para ilustrar o psicológico da personagem de Natalie Portman, alguns elementos simplesmente não têm explicação. Não vou dizer quais 🙂
Ao assistir ao filme, você vai perceber que aqueles denominados de “intrusos” podem não ser tão indesejados assim por todos os personagens. O clima de desconforto gerado pelo terror psicológico de Aronofsky é bem percebido nesses momentos de invasão de privacidade que o casal sofre. Dá uma agonia e, enquanto assistia, me revirei na poltrona diversas vezes.
Os pôsteres do filme, que mostram uma Jennifer Lawrence imaculada, já revelavam a religiosidade que o diretor quis retratar, mas isso pode não ser tão óbvio para todo o público. No entanto, palavras como perdão, paraíso, povo e devoção estão bastante destacadas em toda a narrativa.
Meu amigo André Bloc diz que a arte é de livre interpretação, que qualquer sentido dado a ela é o sentido correto. (Isso veio após uma discussão sobre como os pontos soltos do filme me irritaram). A meu ver, Maria, Jesus, Caim e Abel e o diabo são lembrados neste filme. Será que vocês vão identificar da mesma forma que eu?
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Olá, boa tarde.
Depois de ver Mother, venho procurando saber outros entendimentos para o que vi, e entender coisas que não entendi ou teorias sobre coisas que parecem não ter explicação, como o pó amarelo, ou qual o significado do poema, já que por trás de quase tudo no filme, tem um sentido, uma teoria.
Depois de muito tempo lendo várias coisas, você é a primeiro pessoa que “menciona o diabo”, como perceptível no filme, porém isso foi uma das coisas que eu senti falta no filme, a ausência do Diabo.
Poderia me explicar como/onde pode percebe-lo?
Priscila, olá!
Você acha que o pó amarelo não tem explicação? Pra mim, ele era algum tipo de metáfora sobre a visão cega que ela tinha sobre as atitudes do marido. Logo que percebeu estar grávida ela parou de tomar o pó e começou a tomar decisões por si própria (e pelo bebê), mesmo que fossem poucas.
Na minha interpretação, Deus e o Diabo são figuras muito semelhantes e fáceis de se confundir. Quando tudo arde em chamas Javier está lá, intacto. Você não achou isso curioso? Talvez eu possa te responder melhor depois que assistir mais uma vez.