Maternidade: Os desafios do primeiro mês

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Chegamos ao fim do primeiro mês da Penélope. Foi um trabalho duro, mas estamos todos sobrevivendo – eu, o papai e ela. Quando dizem que ser mãe é difícil, a gente tende a pensar assim: “Ah, não deve ser tanto. Só trocar fralda, dar banho, amamentar e pronto”. Ah, se fosse tudo tão simples assim…

Minha gravidez foi supertranquila, sem intercorrências e sem sustos. Continuo saudável no puerpério (esse período maravilhosamente sofrido que vai até mais ou menos os três meses do bebê) e, mesmo assim, está puxado. Mas, ei, bastou ela chegar aos 30 dias pra começar a sorrir e a matar a gente de amor com as brincadeiras!

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Plaquinha fofa da Coloré <3

Pras grávidas e pras mamães no puerpério, pra quem quer saber um pouco mais sobre esse momento delicado e especial, preparei uma lista com aqueles que foram os maiores desafios pra mim. Pra não desanimar ninguém, ilustro o post com fotos LINDAS da Penélope com 1 mês – assim todo mundo entende porque a gente faz tantos sacrifícios por esses serumaninhos. 

O bebê

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Depois a gente aprendeu que o banho de sol é mais efetivo com o bebê só de fralda =)

Ele chegou, e você precisa aprender o básico para mantê-lo saudável e confortável. Fralda e banho são fichinha. O bebê é molinho, mas não quebra, o medo vai embora logo. Mas não é só isso. Os cuidados com a saúde também começam, e os pais precisam estar atentos: primeiras vacinas, teste do olhinho, da linguinha, do pezinho, coleta de sangue para checar bilirrubina e descobrir tipo sanguíneo, banho de sol pra evitar/tratar icterícia (neném amarelado tem acúmulo de bilirrubina no organismo, que, em excesso, pode ser tóxica e deixar sequelas).

Penélope tomou muito banho de sol e, acordando todo dia antes das 7 e repetindo a exposição depois das 4, evitamos uma internação para fazer fototerapia. Os níveis e bilirrubina dela não estavam tão altos, mas foi um esforço grande pra gente dar conta desses banhos de sol, levar três vezes para colher sangue no laboratório pra acompanhar a substância enquanto ainda nos preocupávamos com todo o resto.

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Amamentação
Pra muita gente, a amamentação é aquela coisa natural e fácil. Mas pra outra grande parcela, o leite demora a descer, o bebê demora a aprender a mamar, e os mamilos ficam machucados. Eu contei um pouco da minha experiência com a amamentação neste post, mas mal sabia eu o que me esperava. Com três semanas, senti uma dor muito grande ao amamentar com o seio direito. Notei um nódulo na mama e corri pro banco de leite da Maternidade Escola da UFC. Um dos ductos que conduzem o leite estava obstruído, e a Penélope não conseguia tirar leite suficiente para se alimentar nem para esvaziar satisfatoriamente a mama.

Fui atendida com todo o carinho por uma das enfermeiras especialistas em amamentação, que massageou o seio e desobstruiu o ducto esfoliando-o com uma gaze. De quebra, aprendi uma nova posição para amamentar, muito mais eficiente e que não me machucava, porque a neném fazia a pega correta da mama (inclusive, li em vários lugares que a mãe precisa fazer o bebê abocanhar quase a aréola toda, mas nenhum lugar explicava como fazer isso; o banco de leite ensinou: você pega o peito e aperta pra ficar achatadinho e caber na boca do bebê, daí é só soltar que ele está com o peito todo na boca).

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A cara de cansada foi minha companheira

No dia seguinte, notei que o ponto amarelo no mamilo estava maior. A dor continuava, então corri pra conversar com minha amiga Raquel, a mãezona mais mãezona que eu conheço. Ela pariu em casa, com uma equipe incrível, e trouxe a Raquel de Serpa, enfermeira especialista em obstetrícia da equipe Gestaluz, pra me ajudar. Com uma agulhinha, ela fez uma leve raspagem e desobstruiu de vez o ducto. [Desculpa a quem não passou por isso, mas acho importante descrever, porque, quando tive o problema, procurei no Google depoimentos de mães e não encontrei nada desromantizado]

A minha produção de leite é ótima, mas, como o peito tava dolorido ainda por causa do procedimento (é indolor, mas faz uma feridinha que demora uns dias pra cicatrizar), acabava colocando Penélope menos vezes nesse peito. Resultado: uma semana depois, acontece de novo a mesma coisa. Corri pro banco de leite de novo, massagem, desobstrução com agulha, muita amamentação. Estamos bem agora. O que aconteceria depois, se não tivesse procurado ajuda: o seio ingurgitado “empedra”, o leite fica mais difícil ainda de sair, e a mama fica inflamada, causando a mastite. Aí é com médico e até antibiótico pra resolver.

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Você
Saímos da maternidade e entramos no famoso resguardo. Até uns dias depois do parto (que foi uma cesárea depois de uma parada de progressão no trabalho de parto – contei tudo aqui), eu achava que esse era um momento só pra me recuperar fisicamente do processo. Como me sentia bem, já queria trabalhar, escrever aqui, receber visitas. Mas, conversando com a Raquel (de novo!), entendi que o resguardo tem muito mais a ver com a mente do que com o corpo. Com entender quem é você agora, qual é o seu papel na maternidade e para além dela. Conhecer o seu filho, criar um vínculo, curtir aquilo tudo que você desejou durante tanto tempo.

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O resguardo é como um retiro mesmo. Por isso ficamos na toca, quietinhas para a sociedade, mas vivendo uma revolução dentro de casa (com a rotina louca que é cuidar de um recém-nascido) e dentro da gente (que, agora, precisa estar disponível para o bebê e, cheias de hormônio, acabamos esquecendo nossa individualidade para somente depois reencontrá-la, reencontrar-nos).

Como diz a sensacional Hel Mother, puerpério é um período difícil, mas passa. E, se serve de consolo, tanto é desafiador como é maravilhoso. Que coisa incrível a gente ver uma pessoa se construindo dia a dia, nos gostos, nas preferências, na estatura, na comunicação. Vou sentir saudade de tudo isso.

Alinne Rodrigues

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