Não foi tão de repente assim. Desde o ano passado, sabia que mudar de mala, cuia e bebê pra Suécia era uma possibilidade. O Igor, meu marido, estava participando de uma seleção para ser designer gráfico em uma empresa de tecnologia e, se fosse escolhido, precisaríamos nos mudar. Quando ele viu a vaga em setembro e mandou CV e cartinha, era uma remota possibilidade, próxima de zero, eu diria.
Em novembro, entraram em contato e agendaram uma entrevista por Skype. Eu sabia que não esqueceriam o brasileiro. Brasileiro é diferente, é massa, tem repertório, tem referências diferentes e o calor de poucos povos no mundo. Em janeiro, rolou uma entrevista presencial, com teste de design e tudo. Foi pra finalíssima, criando de casa, e, finalmente, o escolhido entre mais de 200.
A proposta chegou em fevereiro, e todos os canais oficiais diziam que o processo de visto poderia levar até 6 meses. Fomos vivendo meio sem saber quando precisaríamos partir, focados em finalizar os trabalhos, entregar a casa alugada, vender tudo o que a gente tinha. Quando chegou o aviso da documentação, pensamos que teríamos ainda mais ou menos um mês. Mas essa Suécia é tão avançada que não tem negócio de enviar o passaporte pelo correio, colar um adesivo com o visto, mandar de volta, muito menos aquilo de ir até uma embaixada em outro estado. Foi tudo digital, tudo por email, tudo literalmente de um dia para o outro.
No meio disso tudo, peguei a tal da chikungunya, que ainda tá me maltratando muito com essas dores nas mãos e nos pés (que não virem crônicas, que não virem crônicas). E foi assim que passei um tempão sem conseguir escrever aqui no site e sem aparecer no Instagram. Desculpa, tava FODA – com o perdão da palavra.
Daí que sexta, dia 12 de maio, a gente saiu de Fortaleza, passou o dia 13 de maio em Lisboa e no 14 pegou o avião pra Estocolmo e o trem pra Linköping, a cidade que é a Palo Alto da Suécia, o Vale do Silício da Escandinávia, um lugar cheio de startups e empresas de tecnologia e uma universidade massa, a LiU.
Estamos num apartamentinho hipster em T1, pertinho da universidade, do centro, da estação central e do novo trabalho do Igor. Todo mundo é lindo, se veste muitíssimo bem e anda de bicicleta. Ainda é primavera, e o clima tá gostoso, friozinho. As árvores já têm folhas, os canteiros têm flores, e a grama tá verdinha.
Ando com a Penélope no canguru até o supermercado – que parece um celeiro, muito, muito charmoso – e não consigo acreditar que agora moro aqui. É Europa, mas é mais. É Escandinávia. É o lugar pra quem ama design. O lugar que pensa design como deve ser: bonito, mas, principalmente, funcional, e em constante transformação. Até a vassoura que todo mundo tem casa aqui é diferente da vassoura que todo mundo tem em casa no Brasil. Ela é leve, pequena, se encaixa na pá e tem uma angulação nas cerdas, o cabo levemente deslocado do centro, e é incrível como isso faz toda a diferença na hora de limpar a sujeira. É confortável, com esforço mínimo.
Sabe a pia da cozinha com aquele ralinho horrível que vive entupindo ou se enchendo de comida ou desencaixando? Aqui não tem. Porque a própria pia é o ralo. E a janela tem uma trava que a mantém semiaberta, mas sem deixar que alguém de fora venha e consiga mexer. O lixo é dividido em quatro, mas, na verdade, são mais as categorias. E as embalagens são pensadas pra serem dobradas de forma a ocupar menos espaço no lixo.
Foram apenas três dias e ainda temos muito a descobrir sobre a Suécia. Até agora, tá tudo bem. A gente só fica meio tonto mesmo com tanto pensamento escondido mesmo em coisas tão banais (e com as placas e rótulos e pessoas falando na rua, que a gente não entende nada). Continue nos surpreendendo, Linköping!
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doida pra ver a pia e a vassoura hehehe 😛
Mulher, pergunta: ele viu a vaga onde?
ele já acompanhava a empresa por newsletter. é uma empresa de áudio, que faz plug-in pra pro tools, e ele recebia semanalmente os boletins com lançamentos de produtos, promos etc. muitas vezes ele deletou sem nem abrir. mas dessa vez, ele abriu e viu que a galera tava procurando designer gráfico e que seria um plus se a pessoa entendesse de áudio ou fosse músico. aí o igor tinha um mocker inteiro pra mostrar, hehe <3
Também fiquei curiosa pra ver a vassoura! Hahaha
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