Assistimos a Dona Flor e seus Dois Maridos

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Cartaz do Filme
Cartaz do Filme

Na última terça-feira, fomos eu e Bruno Modolo para a pré-estreia de Dona Flor e Seus Dois Maridos, filme do diretor Pedro Vasconcelos e história conhecida do livro de Jorge Amado. Lá estavam presentes os atores Juliana Paes (que diga-se de passagem estava lindamente vestida) e Marcelo Faria e também o diretor.

Já estávamos imaginando estar prestes a ver um filme brasileiro cheio de clichês e jargões nordestinos ditos por sulistas que parecem nunca terem sequer pisado no Nordeste. Além disso, esperávamos aquelas cenas de nudez estilo pornochanchada de outras épocas.

Mas desde da primeira cena, da abertura, aquela sensação de que seria um filme lindo de se ver já nos tomou por completo!

Foto Reprodução/Instagram @julianapaesNão sou muito de conversar em filmes, mas foi inevitável chamar pelo Bruno para comentar sobre o modo como filme foi realizado, os planos feitos do alto, em gruas ou drones, as cenas em contraluz, a favor da luz que encheram o olhar de quem assistia. O filme chamou atenção pela fotografia e direção, imagens que usam recursos de angulações e alturas dando maior movimento e dinâmica a algumas cenas, e a gente não cansava de comentar sobre isso.

Outra coisa que achamos linda e que nos surpreendeu foram as cenas de close dos atores! Maquiagem perfeita para imagens em HD, expressões tocantes e transmissão de emoção verossímil. Até a sonoplastia, que eu sempre acho que são bem fora de sincronia nos filmes nacionais, parecia muito correta e envolvente!

Para o Bruno, não escapou nenhum detalhe sobre a ênfase que nessa versão foi dada a mulher forte e independente que era a Dona Flor com sua escola de culinária e a importância que tinha para ela. A relação com a comida evidenciada nas referências de diálogos, onde sempre aparecem termos como “minha cebola carnuda”, “meu acarajé”, que Vadinho se referência a Flor como coisas gostosas de comer.

Penteadeira Amarela DonaFloreSeusDoisMaridos3

E aí depois veio, claro, meu olhar para o figurino! Muita coisa bem colocada, os vestidos, os cabelos, os sapatos… Pra quem é louca por brechós, dava vontade de ter tudo, porque tudo realmente parecia ter tido uma curadoria primorosa de meados dos anos 40 início dos 50. Claro que uma coisa ou outra escapavam, deixando mais a cara dos anos 50, sendo que o filme se passa iniciando em 1943, ano do Carnaval em que Vadinho morre.

E por último, mas não menos importante (não mesmo!), a trilha sonora do filme! Saímos falando muito que, apesar de ser mais resumida que as versões anteriores, as músicas tornam toda a história mais cativante e mais densa. Muito bem interpretadas por Maria Betânia, músicas como “É o Amor” casaram perfeitamente na trama.

Outra questão que nos chamou atenção foi a mensagem que encontramos do empoderamento feminino que ameniza a versão machista da história, colocando Flor como uma mulher independente, pois tem sua profissão, mas não vive sem os dois maridos. Que precisa, para ser feliz, do marido viril e amante Vadinho e do marido provedor e carinhoso Teodoro, só que num mundo real, alocados num único ser.  

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E apesar de ter lido críticas sobre a romantização da submissão da mulher, comum daquela época, essa mensagem ficou muito menos visível do que a do empoderamento que ela vai adquirindo e se permitindo durante a aceitação da necessidade dos dois maridos.

No geral, achamos o filme mais encorpado e muito mais visceral! Sensualidade não falta, cenas lindas não faltam e também não faltam cenas de nudez e sexo que, para essa versão, quase narrada do livro, deu o tom necessário para um filme de uma história tão forte e tão linda.

Vale a pena ir para o cinema assistir a esse novo remake.

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