N.E.: As fotos do Instagram são de 2013, no Canadá.
As fotos do texto são de 2017, na Suécia.
De 2012 a 2014, morei em Montreal, no Canadá. Foram dois invernos com casaco ruim, bota que enxarcava e aquecimento ligado à conta de energia – nada fácil para os dias de -26 graus (e até mais frios) que passei por lá.
Agora estou no meu primeiro inverno em Linköping, na Suécia, e, de cara, já digo que é beeem mais tranquilo. Ser brasileira e nordestina tem um lado meio chatinho: sempre que conheço alguém novo, preciso ouvir o comentário sobre o frio e tenebroso inverno sueco.
Antes de começar, eram os avisos de que eu ia sofrer muito, afinal sou do Brasil, esse país tropical, e do Nordeste, esse lugar que não tem frio como o de São Paulo ou do Rio Grande do Sul. Agora que tá rolando, sempre o sueco chega penalizado, já dizendo que é muito difícil, e tudo o que eu consigo pensar é que, pra quem conhece o inverno canadense, o daqui tá muito é do mixuruca.
É janeiro e a temperatura mais baixa que rolou até o momento foi -8. Ontem teve sensação térmica de -10. As ruas não têm neve nem gelo, porque assim que os termômetros caem, rapidinho sobem, derrete tudo e vida que segue. Agora faz -2, mas até depois do almoço vai pra 1. Mamão com açúcar.
Há quem argumente que Linköping é uma cidade do sul da Suécia, que no norte é muito mais frio. Bem, Montreal também fica no sul do Canadá, a 40 minutos da fronteira com os Estados Unidos e a 4 horas de ônibus de Nova York. Imagina no norte.
Neve, gelo, amor, ódio
Em Montreal neva bastante. Tempestades de neve não são raras, daquelas que a gente vai dormir e acorda com 1 metro de neve na porta de casa. O déneigement (sdds francês) é frequente, com os tratores juntando montanhas e montanhas de neve muito mais altas que a gente.
Também rolava de vez em quando o verglas, que é a chuva congelante: água caindo do céu em temperaturas abaixo de zero, ou seja, cai no chão e vira gelo, como numa pista de patinação. Acidentes no trânsito, quedas nas calçadas, e a gente aprendendo a andar como um pinguim.
Em Linköping, pelo menos neste inverno, foram poucos dias de muita neve. A primeira neve foi em novembro, um dia inteiro. Rolaram mais umas duas vezes que tiveram um acúmulo real de neve no solo, mas ambas foram seguidas de temperaturas positivas por vários dias, até derreter tudo. Eu não esperava mesmo um janeiro de grama verde.
Não tenho do que reclamar. A neve quando cai é fofa e soltinha, bem fácil de lidar. Mas com o passar dos dias vai ficando dura, virando um pedaço de gelo que dificulta a vida, ainda mais de quem tem bebê e anda empurrando carrinho pra lá e pra cá. O esforço é grande, hehe!
Por outro lado, frio sem neve é um pouco triste, porque a danada pode trazer transtornos, mas que é bonita, é! Ela também deixa os dias mais claros, porque reflete a pouca luz que temos por aqui (sim, realmente a Suécia é mais escura que o Canadá; tivemos dias começando às quase 9 da manhã e noites às 3 da tarde) e, por mais estranho que pareça, mais quentinhos. Dias de céu muito azul são frios, dias em que neva são menos frios.
Ainda temos dois ou três meses de frio por aqui, e cada dia é uma nova chance de me fazer morder a língua. Até agora, estamos bem. =)
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