Não precisa nem ligar a televisão para acompanhar a meteorologia, basta uma saída de casa para constatar: O verão chegou implacável às terras brasileiras. Quem mora no Nordeste já tem que lidar com as altas temperaturas durante o ano inteiro, mas para essa cearense radicada em São Paulo há menos de 3 anos, essa é a primeira vez que eu estou sentindo na pele o quanto o clima daqui pode ser ainda mais cruel do que o do Ceará.
Verdade seja dita, Sampa tem o clima mais esquizofrênico que eu já conheci: um dia estamos morrendo com os termômetros a 36ºC, e no outro a máxima não passa de 22º e chove o dia inteiro. Essa constante “mudança de humor” das condições atmosféricas faz com que as pessoas aqui tenham que sair preparadas para quase tudo – e isso acaba refletido nos armários. Depois de quase três anos sem passar calor “de verdade”, me encontrei agora em pleno verão com um armário que não tinha roupas realmente adequadas para aproveitá-lo sem estar suando e sofrendo o tempo inteiro.
Pensando nisso, resolvi construir um “micro guia” para aprender como comprar/usar roupas e sobreviver ao calor – mesmo que isso só vá me ajudar por um período limitado de tempo, no nordeste ele vai valer para o ano inteirinho! Abaixo seguem algumas dicas do que prestar atenção ao vasculhar as araras, começando pela parte mais importante: olhar a etiqueta!
- Tecidos – Sim, coleguinhas! O tecido é uma das partes mais importantes para garantir o seu conforto térmico, pios é ele que vai permitir que a pele “respire”. Não adianta de nada comprar aquela blusinha de alcinha que vai deixar tudo de fora se ela for feita de poliéster. Poliéster é plástico, é como se vestir com uma garrafa pet, e a probabilidade do tecido ficar com cheirinho ruim nas axilas é grande. Procure por tecidos fabricados com fibras naturais como: algodão, linho, viscose, seda, tencel (ou modal). Se o bolsinho ficar muito apertado, porque fibras de origem natural costumam ser um pouco mais caras, também vale procurar nas etiquetas por misturas dessas fibras com outras sintéticas – a indústria têxtil tem criado cada vez mais opções de tecidos inteligentes de fibras mistas. Desde que elas estejam em (bem) maior porcentagem, provavelmente o efeito vai ser bem similar e ainda vai ter o bônus de menos amassados ao longo do dia!
- Modelagem – Sei que a vontade de sair de roupa de praia no meio da rua é grande, mas quando você estiver numa situação que exige um certo dresscode e uma cobertura maior de pele, prefira modelagens mais folgadinhas às mais coladas. Explico: com a modelagem folgada, você cria espaços entre pele e tecido que permitem que o ar circule com mais facilidade e a sua roupa vai ter um sistema “natural” de ventilação. Isso vale principalmente para blusinhas com manga, para manter as axilas longe do tecido, e também para os ganchos e pernas das calças (quanto mais folgadinho, mais confortável). E se você é fã de saias, elas podem ser as suas melhores amigas nessa época do ano, principalmente as de corte em formato de “A”.
- Cores – As góticas suaves vão vibrar! Segundo um artigo da BBC, nem sempre as cores escuras pioram a sensação de calor. A verdade é que, fisicamente, cores mais claras refletem a luz e o calor, enquanto as mais escuras absorvem e quando você está exposto ao sol/luz calor/vento, existem vários fatores a serem considerados. De uma forma geral, os tecidos em cores mais claras tendem a ser mais confortáveis no verão, mas preto poderá ser uma opção melhor em casos em que a roupa for mais colada e houver a presença de vento. Agora, fica aqui a minha opinião empírica, apoiada pela sabedoria popular: se possível, prefira roupas em tons mais claros, pois a reflexão natural da luz no tecido vai te ajudar a mantê-lo menos aquecido, mas se a necessidade de escuridão for necessária ao seu visual, vale tentar trocar pelo menos uma das peças.
- “Sem vergonhice” – Temos que lutar pelo direito de estarmos e nos sentirmos confortáveis do jeito que somos e com a roupa que escolhemos, e se existe uma época do ano que até São Pedro nos convoca à liberdade é o verão! Vamos colocar, SIM, mais pele de fora, pois ninguém no mundo merece passar sufoco por vergonha do próprio corpo. Talvez até pareça que é fácil para mim falar de colocar “pele de fora”, já que ultimamente eu tô bem dentro do que os médicos chamariam de “peso ideal”, mas eu já vivi várias fases da vida em que me sentia humilhada só pela ideia de mostrar o corpo, fosse na rua ou na praia. Agora, com 34 anos, tenho vontade que essa convocação geral ao abraço de todos os corpos possíveis tivesse chegado BEM ANTES, e por isso, eu também me junto ao coro Bodypositive (ou Bopo, para os íntimos) pra dizer: f*da-se essa história de padrão, vamos ser felizes, ficar fresquinhos e aproveitar a nossa vida ao máximo com qualquer corpo que seja! Deixo abaixo mais inspirações também das outras maravilhosas aqui no Pintchy, e também uma foto que postei recentemente no @eunaotonamoda em que eu coloco todas essas dicas em prática, num sábado de 36ºC em SP!
É isso, seus lindos. Espero que essa dicas ajudem a construir um armário que dê vontade de abraçar e aproveitar com mais empolgação uma das épocas mais deliciosas do ano. Aliás, fica aqui também a dica para você dar uma lida no post da Júlia Norões aqui no Penteadeira sobre a volta da tendência neon + corpo livre, que ficou demais! Não sei vocês, mas eu pretendo aproveitar ao máximo enquanto o frio não aparece por aqui! Viva o verão!
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