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As 36 semanas e o bebê pélvico

8 de julho de 2021

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É impressionante o amor infinito que cabe num coraçãozinho tão pequeno. Nesta reta final, todo dia é de muito cansaço, mas ganho abraço, beijo e carinho na barriga, ouço “eu te amo” e “amo você, o papai e Otto” 20 vezes ao dia.

Não tem nada fácil acontecendo por aqui: apesar de tudo estar indo bem, saúde em dia, o neném não conseguiu ainda virar e se encontra atualmente muito bem sentado, teimando em não ficar de cabeça pra baixo. Na próxima segunda, temos um ultrassom pra ver se continua pélvico ou se já está cefálico (de cabeça pra cima ou de cabeça pra baixo).

No Brasil, um bebê pélvico na maioria das vezes vai nascer de cesária. Na verdade, hoje em dia, quase todos os bebês, incluindo os em posição cefálica, nascem assim.

Na Suécia, o parto priorizado é o vaginal, cefálico. E quando o bebê está pélvico, o procedimento normal é fazer a versão cefálica externa: uma manobra feita pela equipe médica em sala de parto para tentar virar, por fora da barriga, o bebê que está dentro da barriga.

Tô nervosa, tô com medo, ansiosa, mas tentando pensar que o que é novidade pra mim é cotidiano no sistema de saúde aqui e que tudo vai dar certo. Tenho estado sumida daqui, porque, durante essa manobra, que aliás pode até não dar certo, pode acontecer de o bebê precisar nascer. Aí eu achava que tinha quatro semanas pra preparar o ninho, mas vai ser só uma mesmo.

A correria tá grande, mas já consegui arrumar a mala da maternidade, a bolsa com coisas de higiene, separar o bebê conforto pra usar na volta pra casa. Berço, carrinho e banheira já estão no grau (mami!).

E enquanto treino minha substituta da licença maternidade e reúno toda a documentação que prova que minha mãe está vindo pro parto do neto (e o caso está incluso nas exceções de entrada na Suécia durante a pandemia), sigo recebendo abraços e beijos na barriga e ouvindo 20 vezes ao dia “eu te amo” da minha menininha.

E eu digo pra ela: “Filha, sem o seu abraço, a vida é muito difícil”.

E ela responde: “Também é muito difícil sem o seu carinho e as suas cosquinhas”