“O Processo” e a trama que levou ao impeachment de Dilma

0
802

O Processo

Acabou de estrear nos cinemas o documentário “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que retrata os fatos que precederam o processo de impeachment/golpe da presidenta Dilma. Na última quinta-feira pude assistir ao filme e aqui conto um pouco pra vocês.

A diretora mostra os fatos a partir da ótica de observadora, não há entrevistas ou encenações, as filmagens foram feitas durante reuniões, votações e outros momentos do processo, sem interferir no que estava acontecendo.

Esse formato dá um ar de imparcialidade ao filme, mas que não é total, porque mostra principalmente as reuniões em que os membros do PT participantes da comissão do impeachment preparam sua defesa – para mim está ótimo, visto que do outro lado temos Janaína Paschoal, Aécio Neves e outros personagens extremamente agoniantes.

Entrevista especial Cinema e Política com Maria Augusta Ramos. Dia 17-4-2018
Entrevista especial Cinema e Política com Maria Augusta Ramos. Dia 17-4-2018

Maria Augusta já fez outros filmes em que trouxe a público situações da justiça brasileira, como “Justiça” (2004), “Juízo” (2013) e “Morro dos prazeres” (2013). Em “O Processo”, passou vários meses no Congresso Nacional fazendo as imagens, junto com sua equipe, que renderam 450 horas de material, que mostravam coletivas de imprensa, votações e bastidores que, até então, não haviam sido mostrados pela mídia.

Foto 6

A polarização de opiniões e do Brasil pode ser vista logo na primeira cena, em que aparecem, do lado de fora do Congresso, divididos por um muro, militantes de direita e esquerda – momento em que é possível ver que há muito mais militantes de esquerda, o que mostra quem é a maioria verdadeira no país.

Acredito que deixei bem óbvia minha posição política aqui, e essa é outra questão que o filme levanta, porque de certa forma a diretora também deixou seu posicionamento político escancarado. Porém há momentos do filme em que os integrantes da defesa do PT conversam, e a senadora e presidente do partido Gleisi Hoffman, fala também dos erros cometidos pelo partido durante o governo.

Entre outras aspas de Gleisi que poderia usar para citar esse momento, fico com a que define bem o golpe: “Se a gente cair, caímos pelos nosso acertos”.

Então é isso, fica ainda o aviso de que é um filme bastante emocionante, principalmente para quem não está de acordo com o golpe, mas principalmente muito necessário a todos os brasileiros.

Deixe um comentário