Grávida aos 35

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Eu não sabia se queria ter outro filho. Na terapia, um tema recorrente são os desafios da maternidade, eu procurando encontrar o equilíbrio entre a mãe, a esposa, a profissional, a mulher. A razão dizia que nao – Penélope já está mais independente, a gente já dorme melhor, funcionamos muito bem como um trio –, mas o coração esperava secretamente a chegada de um bebezinho – cheirinho na cabeça, aconchego sem fim, passar por todas as etapas já sabendo mais ou menos o que esperar, viver tudo com mais tranquilidade e menos noia.

Nós nunca tomamos uma decisão oficial, e, enquanto a gente pensava, ele veio (ou ela, não sabemos ainda). Tudo começou com uma tímida e apagada linha vermelha em um teste simples de farmácia. Teria sido um defeito, um erro, uma sombra, uma miragem? Foram cinco testes desses de fitinha de papel em três dias, até comprarmos um digital. A mensagem, então, foi clara: Gravid. 2-3 (grávida, 2-3 semanas). 

Com 35 anos, já tinha ouvido de um amigo médico que o melhor seria não engravidar mais. Com “essa idade”, a mulher é considerada velha para ter filhos, com chances maiores de ter algum problema com o bebê ou com a mãe. Gravidez geriátrica. Eu tinha 30 anos quando engravidei a Penélope e 20 quilos a menos. Engravidar agora foi um ato de coragem (loucura) e resistência (maluquice), com o amor vencendo as adversidades (isso é verdade).

Ouvimos o coraçãozinho quando fizemos o primeiro ultrassom, com 7 semanas, em Fortaleza. E que bom que ouvimos, porque no nosso encontro seguinte, na semana 12, já em Linköping, e aqui a gente só vê o coração, não escuta. Não faz parte da cultura. Já sabemos que está tudo normal, desenvolvimento dentro do esperado. Nunca vi um bebê tão animado! Sério, eu não parava de sorrir, sem acreditar nas cambalhotas que um minineném de 6 centímetros é capaz de dar!

O primeiro desenho da família completa

Estamos com 14 semanas agora. Já não sinto mais tanto sono, não enjoo com tanta facilidade e estou quase conseguindo pensar em comer frango cozido de novo. Descobrimos ontem que eu não tenho diabetes gestacional, e o exame vai ser repetido na semana 28. A pressão também está boa e todos os exames que precisei fazer até agora. Tudo certo.

A barriga já está enorme. Pra mim, muito visível. Eu diria que é uma barriga de 5 meses, mas, se oficialmente, já estamos na metade do quarto mês, até que não estamos tão grandes assim. Dizem que a barriga do segundo filho tende a aparecer mais rápido, por uma certa memória muscular. Já esticou uma vez, na segunda é mais fácil. 

O que também falam da segunda gravidez é que a mulher consegue sentir o bebê mexendo muito antes das 18, 20 semanas. Isso porque ela teoricamente já sabe como é a sensaçao de um bebe mexendo na barriga e conseguiria reconhecer mais cedo. De fato, é verdade. Com 18 semanas, o bebê já é grande o suficiente pra mexer a barriga, e uma outra pessoa colocar a mão e sentir o movimento. Mas desde umas 10, 12 semanas, que quando faço carinho no pé da barriga, principalmente na hora de dormir, sinto uma cosquinha diferente, um peixinho nadando aqui dentro. E vem ficando cada mais mais evidente.

Com tudo nos conformes, começamos a preparar o ninho. O quarto da Penélope agora é maior, porque vai ser das crianças. E tem uma bicama, porque ela quer dormir pertinho do bebê, assim que o bebê puder dormir na cama também. Uma maravilhosa e apaixonada irmã mais velha.

Alinne Rodrigues